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Quais os impactos do aumento dos juros americanos no mercado brasileiro?

A economia dos Estados Unidos tem grande influência no mercado financeiro global devido ao seu tamanho e sua solidez. Por isso, é comum que diferentes países e seus investidores observem as mudanças no mercado americano. Entre os pontos de atenção, estão os juros americanos.

No caso do Brasil, especificamente, a subida dos juros dos EUA pode gerar impactos relevantes na economia nacional. Por isso, é importante entender o que acontece nesse cenário, até mesmo para se preparar para as possíveis consequências na sua carteira de investimentos.

Neste artigo, você descobrirá o que o aumento dos juros americanos pode causar na economia brasileira. Confira!

Como os juros americanos são definidos?

Os Estados Unidos apresentam uma política monetária baseada, entre outros pontos, na definição dos juros — assim como ocorre em outras economias. Essa tarefa é executada pelo Federal Reserve (FED), que funciona como o Banco Central (Bacen) do Brasil.

De modo específico, a decisão do movimento sobre a taxa de juros é tomada pelo Federal Open Market Committee (FOMC). Em uma nova analogia, o FOMC atua como o Comitê de Política Monetária (Copom) do nosso país.

A partir dos valores estabelecidos para a taxa de juros, ocorrem mudanças na economia. Se os juros estiverem muito baixos, os títulos do Tesouro dos Estados Unidos perdem atratividade. Logo, os investidores tendem a buscar alternativas com um potencial maior de retorno.

Por outro lado, há uma redução na dívida pública interna do Governo, já que os novos títulos emitidos a partir da decisão apresentam um retorno menor. Ainda, a concessão de crédito se torna mais fácil — o que tende a estimular o consumo. Já o aumento dos juros causa efeitos contrários.

O que é possível esperar do Federal Reserve em 2022?

Agora que você entende como funciona a definição dos juros nos EUA, é interessante compreender quais são as perspectivas sobre essa taxa. Em 2020, por exemplo, os Estados Unidos implementaram medidas para enfrentar os impactos econômicos da pandemia de covid-19.

Em março de 2020, o FED cortou as taxas de juros em 1 ponto percentual, para uma faixa entre 0% e 0,25%. Porém, ao final de 2021, o presidente do FED — Jerome Powell — anunciou a aceleração do fim dos estímulos econômicos.

Houve, então, uma perspectiva de aumento da taxa de juros no país. E, em março de 2022, aconteceu uma elevação de 0,25 ponto percentual no indicador — que levou a taxa de juros a uma faixa de 0,25 a 0,5%.

A consolidação do movimento se deu em maio de 2022, com o FED elevando a taxa de juros americana em 0,5 ponto percentual. Essa foi a maior alta em mais de 22 anos, em resposta a um cenário de inflação persistente.

O aumento de preços no mercado norte-americano — e em todo o mundo — foi causado, inicialmente, pelas consequências da pandemia e pelo rompimento da cadeia produtiva em múltiplos setores.

Além disso, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia impactou o preço de produtos como a gasolina e diversos alimentos. Assim, a ampliação da taxa de juros é uma ferramenta utilizada com o objetivo de conter a elevação generalizada dos preços.

Quais os impactos do aumento dos juros americanos no mercado brasileiro?

Após compreender o funcionamento dos juros americanos, é essencial descobrir como ele pode impactar o mercado brasileiro. Desse modo, você pode fazer projeções sobre os comportamentos no cenário nacional e se proteger de seus possíveis efeitos.

Na sequência, descubra como a economia brasileira pode ser afetada pelo crescimento da taxa de juros no mercado americano!

Possível saída de investidores estrangeiros

Os títulos de dívida emitidos pelo Tesouro dos Estados Unidos são considerados os investimentos mais seguros do mundo. Essa é uma característica relacionada ao tamanho e à solidez da economia americana, que influencia os mercados internacionais.

Então quando a taxa de juros dos EUA aumenta, o rendimento desses títulos também se torna maior. Na prática, pode ser mais interessante para os investidores alocarem os recursos nos títulos dos EUA do que buscar opções mais arriscadas e com menor retorno.

Ainda, é preciso considerar que o mercado brasileiro é considerado mais volátil. Além de o país fazer parte do grupo de nações emergentes, existem questões políticas, fiscais e econômicas que ampliam o risco do investimento estrangeiro no Brasil.

Portanto, o aumento dos juros nos Estados Unidos tende a atrair o capital dos investidores estrangeiros, que podem obter um retorno maior com segurança mais elevada.

Nesse caso, há uma tendência de saída dos investidores do mercado brasileiro. Como consequência, os volumes de negociação na bolsa de valores brasileira (B3) podem ser afetados.

Preço das commodities

Outra mudança que pode impactar o mercado brasileiro está relacionada ao preço das commodities. Elas são matérias-primas com baixo ou nenhum grau de industrialização e abastecem diversos mercados, como os Estados Unidos.

Entretanto, quando os juros americanos sobem existe uma perspectiva de contração da economia. Afinal, o acesso ao crédito pode ser afetado e a política monetária é voltada para controlar o consumo.

Isso pode interferir nos resultados dos diversos setores, impactando a geração de empregos e o nível produtivo. Logo, pode acontecer uma queda na demanda de commodities.

Com a mudança no equilíbrio entre oferta e procura, a tendência é que os preços das matérias-primas caiam. Como consequência, os setores exportadores de commodities — como o setor agro — têm ganhos menores, podendo interferir no Produto Interno Bruto (PIB).

Flutuação do dólar Ainda, o aumento dos juros americanos pode provocar flutuações na taxa de câmbio, considerando a relação entre dólar e real. Isso acontece, primeiramente, pela saída de investidores estrangeiros do Brasil. Desse modo, há um fluxo menor de dólares na economia.

Ademais, a redução dos preços das commodities também diminui a presença da moeda americana no mercado brasileiro. Em resposta, há uma tendência de fortalecimento do câmbio estrangeiro. No entanto, é importante saber que o Banco Central pode intervir para controlar a alta da moeda americana.

Mudanças na política monetária

Dependendo da intensidade dos impactos da alta dos juros americanos, o movimento pode interferir na política monetária brasileira. O aumento do dólar, por exemplo, pode encarecer produtos e matérias-primas, elevando a inflação. Isso reforçaria a tendência de alta da Selic, que é a taxa básica de juros brasileira.

Por outro lado, a queda no preço das commodities pode ajudar a frear a inflação. Se a desvalorização do real não se aprofundar com esse cenário, o contexto pode favorecer a redução de juros por parte do Bacen, estimulando a economia nacional.

Neste artigo, você aprendeu o que a subida dos juros americanos pode provocar no mercado brasileiro. Por isso, convém acompanhar os anúncios do FED para se planejar e realizar investimentos adequados a cada cenário, visando proteger a carteira ou potencializar os resultados do seu portfólio. Precisa de ajuda para entender esses e outros movimentos econômicos? Fale conosco da Messem Investimentos e conte com a nossa assessoria!