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Balanço da semana: quando cai a Selic? 

Dólar em queda, Ibovespa em alta, PIB sendo revisto para melhores resultados, incerteza com arcabouço fiscal e manutenção da Selic em patamares elevados. Esses foram alguns destaques brasileiros para o primeiro semestre de 2023, marcado não só por turbilhões políticos, mas também a confirmação de tendências econômicas encontradas ao término do ano passado. 

Nossa Selic, por exemplo, a taxa de juros oficial brasileira, até o momento, segue o que já se havia pensado no fim de 2022: manutenção de uma taxa em patamares elevados, sempre com um BC de olho na ancoragem das expectativas de inflação. 

Isso não quer dizer que o primeiro semestre não tenha apresentado surpresas. Afinal, a economia global está em constante movimento, impactada por riscos político, fiscal, de desestruturação da cadeia de oferta e de políticas monetárias contracionistas. 

Em um mercado em constante movimento, a informação precisa e especializada é muito importante. Pensando nisso, o Blog da Messem preparará, semanalmente, uma leitura sobre a última semana do mercado, doméstico e externo, priorizando a informação de qualidade e opiniões de especialistas. 

Nos EUA, tom contracionista do Fed

No mercado externo, a última semana de junho foi pautada pelos dados do Personal Consumption Expenditure (PCE), índice de consumo dos Estados Unidos, e as últimas sinalizações do chairman do Fed, Jerome Powell. 

Em maio, o indicador teve alta de 0,1%, uma desaceleração ante a alta de 0,4% de abril. Na base anual, uma desaceleração para 3,8%. Mesmo assim, o tom do Fed para a condução de política monetária segue contracionista.  

Abaixo, acompanhe o desemprenho do PCE: 

Fonte: Valor Pro (2023) 

“O Fed olha muito para o PCE para tomar uma decisão, mas o tom de Powell permaneceu hawkish, contracionista, mantendo a preocupação”, aponta Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem. A sinalização de Powell aponta para pelo menos mais dois apertos monetários até o fim do ano, de acordo com seu discurso em Portugal na quarta (28) passada. 

Em resumo: Powell segue em um tom contracionista apesar de desaceleração em um dos mais importantes índices inflacionários (PCE) dos EUA, indicando pelo menos mais dois ajustes nas taxas de juros até o término do ano. 

E no Brasil? 

No cenário doméstico, Bertotti destaca a queda expressiva da curva de juros após a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) de manter a meta da inflação em 3% a.a. para 2024 e 2025, estendendo para 2026 com regime contínuo. 

A queda nas curvas, diz ele, é um reflexo não só da queda na inflação oficial do país, mas também uma recepção mais positiva em relação a responsabilidade fiscal do governo. Abaixo, acompanhe a variação das taxas de contratos de Depósito Interfinanceiro (DI): 

Fonte: Valor Pro (2023) 

Em ata divulgada na última semana, com um tom dovish (de estímulo econômico), o Copom denotou probabilidade de inflexão caso o ambiente de desinflação se mantenha. Há uma divergência no colegiado em relação a condução da política monetária. 

O economista-chefe da Messem aponta que o mercado já vem precificando a queda da Selic em agosto. Segundo o relatório do Focus do Banco Central (BC), a taxa encerrará o ano a 12% a.a. 

Também entrou em destaque o principal indicador da Bolsa brasileira, o Ibovespa, que encerrou o semestre com alta de 7,61%, subiu 9% em junho, mas apresentou queda de 0,75% na última semana. 

Abaixo, acompanhe a variação do Ibovespa: 

Fonte: Valor Pro (2023) 

O recuo na última semana de junho tem nome: Petrobras. As ações ordinárias (ON) recuaram 5,13% na sexta (30), a R$ 33,10, enquanto as preferenciais (PN) caíram 4,83%, a R$ 29,53. É uma reação imediata ao anúncio de redução de R$ 0,14 por litro da gasolina nas refinarias da estatal. 

Mais uma vez, a pauta é governança e condução de política de preços, que ainda gera dúvidas no mercado acerca de sua efetividade. 

Na terça (27) passada, o mercado ainda acompanhou a alta de 0,04% na prévia da inflação de junho, o IPCA-15. Veio um pouco acima do esperado, mas representou uma desaceleração considerável ante a expansão de 0,51% de maio. 

Em resumo: as curvas de juros apresentaram queda expressiva com a decisão do CMN da meta da inflação brasileira. Em ata, o Copom denotou possível inflexão futura na inflação. No Ibovespa, mês (9%) e semestre (7,61%) positivos, mas semana (0,75%) de queda impactada pela Petrobras. A prévia da inflação desacelerou para 0,04% em junho. 

O que vem por aí? 

A semana será cheia na agenda. Nesta segunda (03), dados de PMI industrial europeus e norte-americano já foram divulgados. Na terça (04), foi a vez do PMI de serviços chinês. 

Os grandes destaques, porém, ficarão para a ata do FOMC, às 15h da quarta-feira (05), e dados do Payroll às 9h30 da sexta (07).  

O relatório do Payroll, que mede a geração de emprego do país, é um dos dados mais observados pelo Fed. Caso venha acima do esperado pelo mercado, pode indicar um setor trabalhista mais apertado que o previsto.